As crianças em idade pré-escolar apresentam muitas vezes problemas de articulação na linguagem oral, ainda mais notórios nesta fase em que as máscaras cobrem o rosto e dificultam a percepção de detalhes sonoros fono-articulatórios. O período dos zero aos três anos é crucial para o desenvolvimento da dimensão fonético-fonológica da linguagem – normal e espontânea, naturalmente interativa e altamente complexa, dado que envolve aspetos cognitivos, fisiológicos, emocionais e sociais.

Por outro lado, conseguimos assinalar uma hierarquia desenvolvimental que, normalmente, coloca os fonemas /R/, /l/, /λ/, /z/, /З/ e /r/ na retaguarda das aquisições bem articuladas pelas crianças no início do 1.º ciclo do ensino básico. Sem entrarmos em tecnicismos, sabemos que faz falta uma intervenção educativa holística, um pouco mais mais direcionada para a promoção da aquisição dos fonemas, e estimulação adequada, envolvendo voz, fala, articulação e língua, integradas em contextos plenos de sentido, em que o som, mesmo em jogo ou durante o puro prazer da descoberta, não se desliga da compreensão e da emoção. Brinquemos pois, em português de tantos mundos, tantos quantos as crianças e famílias, de tantas origens, que connosco convivem!

Experimentem recitar este poema que escrevemos:

“Luísa, Lúcia, Leila e Liliana
lenços lavavam,
lavavam lenços
alvos
lenços lavavam
lavavam lenços
à luz da lua!

Linda a lua,
lenta, luminosa, astral.
Longos braços
leves
nelas,
alvos
abraços,
laços,
enlaces,
lenços nos regaços
delas:
Luísa, Lúcia, Leila e Liliana”
(…)

Escolham algumas palavras, com o fonema /l/ em diferentes posições: por exemplo, “lua”, “alvos” e “astral”, e experimentem pronunciar em português do Brasil! O que acontece?
Boas descobertas!

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