Conheçam a alegre galeria de retratos especiais de figuras da nossa história e da nossa memória.
Mais do que os rostos e os trajes, as histórias de vida e as memórias de outros tempos convidam públicos e participantes a conhecer, a partilhar e a interagir com figuras típicas de uma cidade sempre em mudança, profissões quase esquecidas, rituais e gentes que merecem ser lembradas.
Factos e ficção, história e tradição, memória viva e emoção!
O que nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? Quem vai ajudar a deslindar este e outros mistérios da vida, da ciência e da medicina, é a nossa Maria Balbina Pinto, Galinheira ou Vendedeira de Ovos e de Galinhas.
“- … e de frangos, pintos e pintainhos para criação! – acrescenta decidida Maria Balbina. Vai lançando em redor o seu pregão cantado:
“ – Galinha merca!” E outro ainda:
“ – Ehhh, galinhas! Quem nas quer i cum ovo?”
Depois, ajeitando a rede que cobre a cesta, afiança orgulhosa, como quem elogia a própria prole:
“- São boas poedeiras!”
Pedimos que nos tire a dúvida científica: o que nasceu primeiro afinal? O ovo ou a galinha?
Maria Balbina faz um ar misterioso, entre o filosófico e o maroto, e bombardeia:
“As galinhas nascem dos ovos… Mas os ovos saem das galinhas! Pois que dentro da galinha, tá-se vendo que já há um ovo, que tem lá dentro uma galinha que vai um dia botar um ovo que … Homessa! Ainda não percebeu? Essa já é do tempo em que as galinhas tinham dentes!!”
Estará Balbina a falar de… dinossauros? Balbina interrompe o relambório para atender a uma encomenda: um galo capão. Nem pestaneja!
“- Fica mais saboroso se for capado!” – diz, sorrindo perante o nosso ar chocado. Acrescenta:
“ – Olhe que de onde vem a vida também vem a morte! Dantes, fazia-me aflição torcer-lhes o gasganete e não podia com o sangue da escorrer para a tigela, está a ver, prá cabidela! Mas agora também opero galinhas ao papo-rijo, quando lhes dá as aflições! Até me chamam a Doutora das Galinhas, sabia? Melhor que muito médico que por aí anda.”
Quisemos saber como fazia.
“- Zás Zuca, corto o papo com tesoira fervida e depois coso com agulha e linha. Boto-as òdespois nas palhinhas, com um saquinho de água quente, para ficarem mais quentinhas. É um instante e já debicam e correm e estrumam outra vez. As minhas capoeiras estão muito lavadinhas e sem mosquitos e águas podres. E se vejo alguma galinhita assim mais murchinha, mais tristinha, não deixo que venha o mal, a doença, dou-lhe logo água com alho e limão.”
Como “galinhas de S. João, pelo Natal ovos dão”, conta-nos que, pelo Natal, pastoreia, com o marido, pelas ruas da cidade, um bando de belíssimos perus.
“ – É uma coisa linda de se ver! Os més pirús, todos alçadinhos, de peninhas no ar, parecem uns pavõezinhos vaidosos descendo a avenida. Glugluglu…”
Vai gritando com voz estridente:
“- Perú salôôiô! É sa-lôôiô!!! – Olha óóó pru da roda vó-óóó-a!” De quando em vez, bate com a cana comprida nas aves mais teimosas que se afastam do rebanho. “– Compre sempre desses, dos teimosos… Está ver? De tanto se lhes dar com a cana, ficam com as carnes mais tenras. Vá por mim…”
Fomos por ela, sim.
Quem quiser conhecer a personagem Maria Balbina contacte-nos.
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