Esta lavadeira de outros tempos, desde menina se habituou à dureza da vida: pezinhos descalços e rodilha na cabeça, mal o sol nascia, lá ia para fonte com cântaro à cabeça, para trazer água para os usos da casa.

Agora, lança alegre o seu canto enquanto lava a roupa na água gelada do rio. Pelas suas mãos passam os enxovais das freguesas ricas de Lisboa (até de membros da família real ela lavou cueirinhos, vestidinhos de renda e muitos paninhos, confessa-nos, com orgulho).

Uma barrela? Aprendam com ela! O melhor sabão? Ela sabe a lição. Não sabe bem juntar as letras, pois cedo saiu da escola. Mas memória não lhe falha enquanto cantarola o rol da roupa do enxoval que tem para lavar, branquinha, a brilhar ao sol. Carrega à cabeça a pesada trouxa, pesam-lhe os braços no caminho. Como vai de modas, lava tudo à maneira, no tanque ou na ribeira, à mão ou à torneira.

Faz uma pausa e rói umas alfarrobas, partilha uns figuinhos secos ou um pedacinho de broa esfregado com alho, ou umas azeitonas pretas.

De quem será o retrato singular, em daguerreótipo antigo que tanto Rosa Lavadeira contempla, suspirando, desvanecida? Mulher de fé, devota de Santo António, Rosa Lavadeira agradece o seu amor farrusquinho, o ‘Jaquim Martinho, vendedor de castanhas.

Rosa Lavadeira no pátio dos pregões.

Rosa Lavadeira no pátio dos pregões.

Quem quiser conhecer esta personagem, a Rosa Lavadeira, contacte-nos.

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